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Fora da Escola Não Pode! Conheça quatro escolas com abandono zero no Pará

09/12/2019 18h02 - Autor: Leidemar Oliveira (ascom/Seduc) 2472 visualizações

Manter o aluno na escola e evitar o abandono da sala de aula é um dos principais desafios das escolas públicas do Pará. O Estado é o quinto da federação em evasão escolar. Na rede estadual a Seduc criou a campanha “Fora da escola não pode. Na Escola sem aprender, também não pode!”. O slogan reflete a meta da secretaria em combater a evasão e garantir a aprendizagem do aluno.

O desafio ainda é grande para a maioria das escolas, mas não para todas. Há escolas da rede com taxa de abandono zero e com baixíssimos registros de reprovação. O resultado não ocorre por acaso. Nessas escolas, o processo de aprendizagem do aluno é prioridade para a equipe, um trabalho que envolve alunos, educadores e familiares, o ano todo.

Localizado na Região Metropolitana de Belém, o município de Benevides possui a escola com o melhor Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do Pará, 7.6, além de 100% de frequência e aprovação. A Escola Estadual Santa Maria Bertilla atende 310 crianças do 1º ao 5º ano, em regime de convênio entre o Estado e a Congregação Irmãs Doroteias. O monitoramento do quadro de infrequência é o principal instrumento da escola no combate à evasão. “A frequência é monitorada todos os dias e ao final da semana vamos atrás dos faltosos. Nossa filosofia é não perder ninguém”, explica a diretora Ana Zélia Brandão.

Além disso, o cotidiano da escola é compartilhado pelo grupo de whatsapp dos educadores com os pais. “Essa cultura é tão forte que os próprios pais já avisam quando o filho precisa faltar”, destaca. Os pais são parceiros da escola e constantemente vão à escola para o plantão da família, que ocorre no intrevalo das avaliações escolares. É o momento em que os responsáveis se encontram com os professores para saber como anda o desempenho dos filhos e o que precisa ser ajustado. O mapa de resultados e a avaliação diagnóstica também são aplicados por turma e entregues ao professor para avaliar o que precisa ser corrigido na sala de aula.

As estratégias pedagógicas não são as únicas que contribuem para o bom desempenho da escola. A equipe é entrosada, com professores motivados e atuantes. “Fazemos o acompanhamento com a coordenação, o aluno e a família. Outro ponto chave é o lado espiritual, nesta escola nos sentimos acolhidas e educamos os alunos para a vida”, diz Lucilene Ribeiro, professora da Alfabetização. O sentimento da educadora é compartilhado pela colega, Ivoneide Brito, professora do 5º ano e a mais antiga docente da Bertilla. “Nos sentimos como equipe, não nos sentimos sozinhos. Sou motivada pelo amor ao próximo e à profissão e mesmo quando o aluno sai da escola ele sabe que sempre vai poder contar comigo”, declara.

Escola tem quadro de infrequência, busca ativa e até carômetro

Na Escola Estadual de Ensino Médio Otávio Meira, também em Benevides, não existe casos de abandono. A equipe pedagógica realiza o controle mensal das faltas com a ajuda do quadro de infrequência e da entrega das carteirinhas de entrada. O trabalho resulta na busca ativa, em especial no turno da noite, onde a infrequência é maior. A equipe (coordenadores e chefes de turma) liga pro aluno faltoso e, se for o caso, até vai à casa para trazê-lo de volta à sala de aula. Monitorar quase mil alunos diariamente não é tarefa fácil. Por isso, a direção adotou o Carômetro, uma espécie de livro de controle com os dados e a foto de cada aluno, que ajuda na identificação dos faltosos.

O trabalho não para por aí. A Escola também utiliza conselhos de classes a cada semestre. A tarefa é monitorar a proficiência de cada estudante a cada avaliação. “A gente levanta qual aluno tirou nota vermelha e verifica porque ele não está obtendo bom desempenho por disciplina. Depois reúne o professor e os representantes de turma, divulga o resultado por classe e aí todo mundo entra em campo pra reverter os resultados ruins”, explica a diretora Marluce França. Médias abaixo de 2 pontos e dificuldade em mais de duas disciplinas são os casos que mais mobilizam os educadores. Além disso, a escola investiga os casos críticos, buscando verificar quais questões pessoais podem estar interferindo no desempenho do aluno. “Nosso diferencial é que não nos contentamos com o básico. Nossos funcionários se doam e estão sempre preocupados com o desempenho da escola”, destaca a diretora. A escola também realiza uma programação lúdica intensa durante o ano todo e os estudantes que mais se destacam são premiados. Na 2ª série do ensino médio, a aluna Gabriela Vera, de 16 anos, ganhou o prêmio de melhor estudante da escola devido ao bom desempenho no simulado. O seguedo, ela sabe bem qual é. "Não falto aula, não reprovo de ano, me envolvo nas atividades e tenho orgulho da escola onde estudo", afirma.


Pais presentes, evasão zero!

Nas escolas da rede estadual onde a evasão é praticamente inexistente a presença da família no cotidiano escolar é sempre uma grande marca dessas unidades de ensino. Na Escola Estadual Dom Bosco, em Salinópolis, os pais são convocados pela direção a cada bimestre. As reuniões tratam sobre o resultado do desempenho individual de cada aluno nos últimos dois meses. É uma oportunidade, também, para professores, equipe pedagógica, chefes de turma e pais trocarem uma ideia sobre o que vai bem e o que precisa melhorar.

Além de monitorar a infrequência, a escola controla entrada e saída e desenvolve o Projeto Agito, para promover entre os alunos valores humanos, como a solidariedade, respeito e amizade. Ano passado, somente 12 alunos da 1ª série do ensino médio precisaram ser buscados. Já este ano a escola se encaminha para o final do ano letivo sem registros de abandono. "Ao contrário, as vagas aqui são disputadas. O diferencial da escola é a organização e a manutenção regular dos horários", diz a diretora, Elisabete Machado.

Garantir a presença dos pais na escola ao longo do ano também tem feito o diferencial no combate à evasão na Escola de Ensino Fundamental Santo Agostinho, em Belém. Desde 2017, a escola escolhe um sábado ao mês para realizar ações em parceria com o Cras e Cesupa, como atividades socioeducativas, assistência médica, bucal, reuniões com os pais e responsáveis dos alunos e reforços de aulas. Todas essas atividades têm como regra a presença de familiares dos alunos.

A unidade também faz a busca ativa e reforço específico durante a semana a alunos com dificuldade de aprendizagem. O projeto é desenvolvido de forma lúdica pela professora Marylin Matos e tem o objetivo de fazer o aluno gostar de aprender. No último Censo, a escola teve zero de abandono, mérito creditado a toda a equipe. "O pilar para esse resultado satisfatório é, com certeza, uma equipe comprometida e empenhada em reverter casos de abandono e baixa frequência na escola”, diz a diretora Glorete Cristina.

 

 

 


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