Estudantes com autismo acompanhados pelo CAEE participam de batalhão inclusivo
As oficinas de dança, brinquedos, adereços e o cortejo do Pavulagem inspiraram os jovens atendidos no Centro
O Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), promove acompanhamento pedagógico a estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação. No mês de junho, durante as comemorações do Arraial do Pavulagem, o CAEE iniciou sua participação no batalhão Espaço+Inclusão dos arrastões do evento, em uma parceria que tem proporcionado aos estudantes do Centro uma experiência imersiva na festa do Boi Azul. A primeira participação do CAEE no batalhão inclusivo, aconteceu no último domingo (16) e continua nos próximos domingos da festividade, dias 23 e 30 de junho, finalizando no dia 7 de julho.
Uma equipe de 5 instrutores do Instituto Arraial do Pavulagem realizou três imersões de dança e duas oficinas de brinquedos animados, com a participação do grupo de "Mães Mundo Azul" e de familiares dos estudantes, que também confeccionaram adereços utilizados nos cortejos do Arraial.
As atividades iniciaram com a contação de histórias, por meio de uma abordagem poética sobre o surgimento do boizinho azul, utilizando instrumento de efeitos sonoros - um brinquedo de tala com esfera, além de flores e fitas coloridas penduradas para atrair a criança para o ambiente mágico da narrativa -, uma maneira de proporcionar conexão entre a manifestação cultural e os estudantes, assim como familiarizar os participantes com os estímulos dos cortejos.
Todos os núcleos de atendimentos do CAEE estiveram presentes nas oficinas: Núcleo Educacional Especializado ao Transtorno do Espectro Autista (Netea), Núcleo Educacional em Psicomotricidade (NEP), Núcleo de Atividades em Altas Habilidades/Superdotação (NAAHS) e Núcleo Especializado em Deficiência Intelectual (Nedi). No total, 40 participantes estiveram nas oficinas.
Além das imersões realizadas no CAEE, os estudantes, familiares e profissionais da equipe multiprofissional do Centro participaram do primeiro dia de arrastão do Pavulagem no Espaço+Inclusão, totalizando 50 pessoas. Entre esses participantes está Miguel Fernandes, uma criança autista de 11 anos, acompanhado pelo CAEE, que é artista mirim e expressa seu talento via arte plástica, escrita e danças regionais como toada e carimbó em vários eventos da Região Metropolitana de Belém (RMB). Ele considera que é muito gratificante participar do Arraial do Pavulagem.
“Eu danço, também danço Arraial do Pavulagem e tenho várias coreografias. Eu usava a referência da música do Arraial do Pavulagem, me apresentava e estive lá na caminhada, é bom estar presente no Arraial do Pavulagem para poder apresentar a nossa cultura”, comenta o estudante.
Hudson dos Passos, instrutor da Oficina de Brinquedos Animados e animador das crianças no segmento do "Cavalinhos da Campina", com o personagem Pirô, considera que o papel do Instituto do Arraial do Pavulagem é trabalhar e dar continuidade para que jovens como o Miguel aprendam cada vez mais os ritmos, a dança, a musicalidade e tudo que envolve essa linda e rica manifestação.
“Entendemos que pessoas como o Miguel estão fortalecendo a identidade da manifestação cultural, do ponto de cultura do Arraial do Pavulagem. Nós temos esse papel de fortalecimento do fazer artístico e para o crescimento dele, que é um artista, então estamos aqui para contribuir com esse crescimento. Entendemos que o Estado vem cumprindo com seu dever com maestria, construindo espaços para a educação especial, lugares de acolhimento e aprendizado para as pessoas com autismo e suporte para todos os tipos de deficiência. Instituições tão importantes como o CAEE, onde a gente vê profissionais extremamente qualificados cuidando e fazendo o seu trabalho com excelência, e nós, como cidadãos e arte educadores, levamos um pouquinho dos nossos sonhos”, enfatiza Hudson.
Cortejo com segurança - Segundo o Instituto Arraial do Pavulagem, o Espaço+Inclusão proporciona acolhimento e segurança para os participantes, no segmento dos "Cavalinhos da Campina". Uma corda de 80 metros se estende na largura da Avenida Presidente Vargas, dessa forma, os participantes permanecem protegidos e acompanhados de perto por seus responsáveis durante todo o cortejo, recebendo assistência de uma equipe de 50 pessoas no apoio da corda. A organização também oferece aos participantes, no final do percurso, um espaço com arquibancada localizado na Praça Waldemar Henrique, com cadeiras e cobertura, para abrigo de sol e chuva, que também proporciona uma visão privilegiada dos shows da concha acústica.
“A arte e a cultura são direitos constitucionais para todos e muitas vezes negado ou não acessível aos estudantes com deficiência, por isso o CAEE concebe o Nuart (núcleo de arte e cultura) e com ele busca fortalecer e promover o acesso aos momentos culturais, além de realizar o atendimento educacional para os estudantes à luz da arte, como: música, dança e artes plásticas. Nossa experiência com os estudantes atendidos no núcleo comprovam a importância da transversalidade da arte na escola”, enfatiza Liliane de Mello, diretora do CAEE.